15 abril 2020

Em dias COVID19, "Como comemorar para sermos a sociedade que nos queremos tornar" - Por Patricia Araujo (In Noticiasaominuto.com)

 "Como comemorar para sermos a sociedade que nos queremos tornar em Tempos Pós-COVID"


A Professora Patrícia Araújo, Fundadora do Ipam Leadership Challenge, lança ideias para os líderes portugueses, acerca de como passar a comemorar eventos em portugal.




"Sento-me a escrever este texto neste dia 20 de março de 2002, data em que se celebra o Dia Internacional da Felicidade. Uma temática que me é muito cara, quer pela investigação científica em felicidade organizacional, quer como psicóloga em exercício há quase 20 anos (muitos 20´s neste texto!), quer como instrutura de yoga e meditação.
Nestes dias de Covid-19, estamos em casa, em teletrabalho, em isolamento, logo, os festejos do dia não serão muitos. Mas será que o iriam ser de qualquer forma? Não é feriado e muitas pessoas nem sabem deste dia: estaremos sintonizados para a felicidade?
Ultimamente, tenho refletido sobre vários dias comemorativos que estão no calendário atual, designadamente em Portugal, já não fazem sentido, pois já não são representativos da realidade que vivemos e do zeitgeist, nem representam a sociedade que queremos ser.
O que uma sociedade decide comemorar diz muito de quem ela é, a que é que dá valor, aquilo em que se deseja tornar nos próximos tempos.
Tenho aproveitado estes dias para escrever artigos científicos, preparar formação, supervisão de teses e a criação de alguns novos produtos para consultoria empresarial. 
E, de vez quando, no brainstorming, surgem umas ideias de propostas de como poderão ser os dias realmente transformativos e comemorativos do futuro português.
A primeira data da minha reflexão é o recém comemorado Dia Internacional da Mulher. Eu evito sair de casa, pois este dia é altamente desmotivador para alguém que trabalhou em igualdade de género durante muitos anos.  Este é um dia em que é comemorada a conquista de direitos iguais para trabalhadores (e do voto feminino), relembrando diversas tragédias, nomeadamente o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, que ocorreu em 1911 e matou 146 trabalhadores: 125 mulheres e 21 homens. 
De notar que, por muito que nos custe admitir, a situação da Igualdade de Género não tem melhorado significativamente e tem piorado subtilmente (Havendo dados estatísticos que comprovam isso, porém, a situação é bem mais disfarçada e sublimada). Já não se assiste (talvez quotidianamente) à discriminação aberta: passamos à latência. Mas abertamente em 2017 ainda assistimos a estas afirmações no parlamento europeu:
“Women must earn less than men, because they are weaker, they are smaller, they are less intelligent and they must earn less: that’s all!” afirmou o deputado da Polónia, Janusz Korwin-Mikke.
Vale a pena ver o vídeo, olhar nos olhos deste deputado e observá-lo a afirmar estas atrocidades e, por fim, ver a resposta da eurodeputada espanhola,  Iratxe Garcia-Perez.
Aqui, a festejar o Dia Internacional da Felicidade, isolada em quarentena, a trabalhar ativamente e relembro-me das afirmações desta pessoa: Como é possível alguém afirmar tal coisa?
Ora, esta data comemorativa já não representa a felicidade social, pelo contrário, parece estar a proliferar o famoso Cobra-effect. Pelo facto de continuarmos a chamar ao Dia da Mulher – APENAS Mulher, continuamos a imputar de alguma forma apenas a ela a responsabilidade pela luta pela igualdade. Além disso, matam-se flores em vão e fazem-se festejos sem qualquer fundamento só por se ter uma vagina. O sentido de toda a coisa perdeu-se. Festejo ser mulher todos os dias, e são muitos os homens e mulheres que me acompanham nesses felizes festejos. Neste dia, deveria festejar-se as conquistas de direitos por minorias, por exemplo.
Ou então, crie-se o Dia Internacional de Ser Humano, ou o Dia Internacional de Ser Homem, e já se equilibra a balança. Cabritinhos que cegamente, sem saber porquê, trazem oferendas a quem tem um canal vaginal, não, obrigado. Agora, rodriguinhos disfarçados para vender mais produtos e serviços, não. Para isso, já chega o dia de S. Valentim (sobre o qual não vou, de todo, dissertar).
Igualdade e felicidade caminham, na minha visão, de mãos dadas numa sociedade do futuro. São os valores fundamentais, são a base de tudo. A mudança estratégica de posição deve ser internacional, com a criação do Dia Internacional da Igualdade (De género, de oportunidades, de acesso, de raça, de tudo!).
Nestes dias COVID, também ouvimos ocasionais afirmações que revelam o início de processos de categorização: A categorização está na base de todos preconceitos e estereótipos: Categorizamos, a partir do momento que criamos duas categorias- nós e eles. A partir desse fenómeno grupal, tudo acontece. O sexismo, o racismo, a xenofobia, os clubismos e, agora, a categoria ‘estou infectado’ versus a categoria ‘não estou infectado’ e, pior, quando num discurso publico, Donald Trump afirma ‘esse vírus chinês’, como se o vírus tivesse passaporte e nacionalidade.
Categorizamos para tornar a realidade mais fácil de compreender, mas temos cérebros complexamente desenvolvidos para propor mudanças: temos neuroplasticidade. Mudamos todos os dias. O nosso cérebro muda e evolui, fisicamente (de notar que a descoberta da plasticidade neuronal tem poucas décadas e é importante relembrar que isto se aplica a qualquer cérebro normativo humano).
Continuando com as datas que não promovem igualdade nem felicidade, um outro exemplo claro nas comemorações portuguesas é o recém festejado dia do PAI – 19 de março. Enquanto a paternidade tem dia marcado, a maternidade tem dia mutável, porquê? Parece que se comemora a maternidade no primeiro domingo do mês?! Porquê? Não percebo. Imagino variadas explicações, mas não vou aqui levantar o véu delas. Não existe sequer igualdade nestas comemorações.
O facto de o Dia da Mãe ser um dia mutável pode causar que coincida em algum momento com o dia 1º de maio, que também já deveria ser reescrito e repensado. O Dia Internacional do Trabalhador, que foi a adoção em língua portuguesa, é tendencioso e gender-free, ao contrário do Inglês (Internacional Labor Day, apesar de ser conhecido como International Workers day, o que também não implica nenhum género).
‘Dia internacional do Trabalho’ quando na realidade, não queremos festejar o trabalho, mas sim, incentivar às boas praticas na vivência do trabalho humano por todos os envolvidos, certo? Logo, Dia Internacional da Felicidade no Trabalho, é uma nova proposta que aqui deixo.
Estamos a viver um momento em que constatamos que a qualidade de vida no trabalho (QVT) e a felicidade organizacional ainda têm muito caminho para percorrer, apesar de estarmos a assistir a evoluções gigantes. Com o COVID-19 a forçar todos a abraçar as vantagens do trabalho remoto (em regime de teletrabalho ou não), os grandes benefícios do e-learning, o reaprender a gestão do tempo e a conciliação profissional e familiar e as empresas a caminharem para uma gestão sustentável e uma Liderança mindful (Esperemos!).
Possivelmente, também as organizações evoluirão no sentido que já se pensa há tanto tempo: organizações positivas, aprendentes, com propósito, com causas, que não têm o lucro no seu core, mas sim, as suas pessoas e sua evolução e felicidade, fazendo crescer a probabilidade de toda a nossa narrativa de vida humana finalmente mudar. Tudo irá mudar e estaremos cá para abraçar a mudança, agora, desta vez, mais abertos, renovados: Sim, vem aí o ‘Crescimento pós-traumático’, também estudado recentemente pela ciência psicológica. E vamos nos reconstruir como sociedade e como humanos. Vamos reconstruir a nossa narrativa.
As palavras que usamos têm enorme peso, conduzem a sociedade e contam a nossa história e a estória que escolhemos contar. A linguagem estrutura todo o nosso pensamento, apesar de alguns velhos do Restelo, por vezes, ainda aparecerem a dizer que as palavras são irrelevantes. Já não há dúvidas em toda a comunidade científica, porém, ver a TEd Talk da Lera Boroditsky, denominada ‘Como a linguagem molda a nossa forma de pensar’ para relembrar estes temáticas, pode fazer sentido.
Além do repensar das palavras e das designações, há diferentes formas de comemorar datas, sendo uma das mais ‘fortes’ a declaração de um feriado nacional. Parar para refletir e pensar. Oferecer um dia de pausa aos cidadãos para interiorizarem a data. Incentivar a socialização e os festejos sociais. E assim chegamos a um momento difícil deste texto: Porquê é que, sendo um estado laico, ainda temos feriados religiosos? Se optamos por ter um feriado de uma determinada religião, porque não ter de outras? Ou o dia do ateísmo? Do agnosticismo? Onde está a igualdade, novamente? Que sociedade queremos criar a partir daqui?
objetivo deste artigo não era abordar os feriados, mas sim reflectir sobre que sociedade queremos ser a partir deste Março de 2020.  No 21 março foi dia da Árvore (ok, nada de errado com este!) e em breve comemora-se a primavera.
Este ano, Não há feriados no mês de março. No pós-covid, faz sentido criar uma data comemorativa. Nestes dias desafiantes, claro que se celebram os profissionais de saúde, a saúde pública, os investigadores, o legislador que compreende e tenta conduzir uma sociedade no melhor caminho, a família que cuida dos doentes (esquecemo-nos que mais de 80% dos infectados está em casa) e cada ser humano que está nesta planeta neste instante.
Mas, como sairemos das cinzas após o rescaldo? Queremos lembrar os valores da tolerância, da igualdade e da felicidade para que consigamos caminhar a partir daqui num caminho em que ‘somos todos um’…será pedir demais?...“Os sonhadores atuais são talvez os grandes precursores da ciência final do futuro”(…) “Vibra alguma alma com as minhas palavras? Ouve-as alguém que não só eu?! (Fernando Pessoa, In ‘Livro do Dessasossego)."
Para LInk Alternativo: https://www.linkedin.com/posts/pattaraujo_como-comemorar-para-sermos-a-sociedade-que-activity-6655931149010911232-zrtL

08 janeiro 2020

Liderança Empresarial VS Religiosa: Um Vídeo de Estudo de Caso com o CEO e Bispo Luís Sousa


Entrevista ao CEO e Bispo Luís Sousa sobre liderança no contexto empresarial vs o contexto religioso. 



Trabalho realizado pelo grupo Hezagon:
Catarina Morais, Débora Romão, Diogo Faria, Joana Almeida, João Caleira e Rafael Gaspar.

Design Gráfico Ipam Leadership Challenge: Carolina Bicker e Rita Patarata
Gestora do Canal Youtube: Barbara Portelada
Trabalho Desenvolvido para o Ipam Leadership Challenge sob a Orientação de PhD. Patrícia Araújo
Local: Porto

Referências para melhor entender a entrevista:

- Estilos de Liderança de Likert - Likert, R. (1967). The human organization: Its management and value, New York: McGraw-Hill

- Teoria Situacional de Liderança de Hersey e Blanchard - Hersey, P. and Blanchard, K.H. (1977) Management of Organizational Behavior 3er Edition-Utilizing Human Resources. Prentice Hall, New Jersey.

- Liderança servente - Allen, G. P., Moore, W. M., Moser, L. R., Neill, K. K., Sambamoorthi, U., & Bell, H. S. (2016). The Role of Servant Leadership and Transformational Leadership in Academic Pharmacy. American journal of pharmaceutical education.

- Teoria das características dos líderes - DeRue, D.S., Nahrgang, J.D., Wellman, N., & Humphrey, S.E. (2011). TRAIT AND BEHAVIORAL THEORIES OF LEADERSHIP: AN INTEGRATION AND META‐ANALYTIC TEST OF THEIR RELATIVE VALIDITY.

- Teoria motivacionais intrínsecas vs extrínsecas - TED TALK: The puzzle of motivation by Career analyst Dan Pink 

Para citar este vídeo, utilize a seguinte referencia bibliográfica:

Morais, C., Romão, D., Faria, D., Almeida, J., Caleira, J., Gaspar, R. (2020). Liderança Empresarial VS Religiosa: Um Vídeo de Estudo de Caso. Pesquisa orientada pela PhD Patrícia Araújo dentro da cadeira Currícular "Liderança e negociação" e apresentado no Ipam Leadership Challenge.4ª Ed. Porto: Instituto Português de Administração de Marketing. Disponível em: https://youtu.be/TlxCu7kYUK0

LIDERANÇA DE JOVENS PARA JOVENS - Case Study do Já T'Explico

Case Study realizado no âmbito da unidade curricular de Liderança e Negociação, do IPAM Porto

Procuramos compreender a forma como os jovens encaram e encorporam a liderança, no seio de uma organização sem fins lucrativos inteiramente composta e criada por estudantes universitários.



"O Já T'Explico é feito de jovens e para jovens. Somos uma organização de estudantes universitários da Academia do Porto que dá apoio educativo gratuito a crianças e jovens, do 5º ao 9º ano de escolaridade, com menos possibilidades financeiras e apoio familiar."
- Website oficial do Já TExplico








Salomé, A., Rodrigues, D., Mesquita, M. & Pereira, S. (2020). Leadership from youth to youth: the Já T'Explico case studyResearch oriented by PhD Patrícia Araújo within"Leadership and Negotiation" Curricular Unit and Presented at Ipam Leadership Challenge.3ª Ed. Porto: Portuguese Institute of Marketing and Administration. Available at: https://ipamleadershipchallenge.blogspot.com/2020/01/lideranca-de-jovens-para-jovens-case_8.html

07 janeiro 2020

100ILITES O sucesso na auto liderança

O sucesso na auto liderança

"100LIMITES" - O sucesso na Auto liderança...

"Todos somos líderes,  dentro daquilo que vamos fazendo, uns numa escala  maior, outros numa escala mais pequena, mas, sobretudo é uma procura diária de tentarmos fazer melhor as coisas"        

 

“Auto-liderança” e “coaching” foram os temas de destaque na entrevista cujo convidado foi Ricardo Cayolla. O convidado foi um tenista profissional sendo, nos dias de hoje, para além de professor, empresário da área do desporto. Tanto ao nível pessoal como profissional, o seu percurso, tem-lhe trazido benefícios ao nível da gestão e da liderança sendo o foco a neurociência. Para além disso, tem cinco livros publicados. Para Ricardo Cayolla, tudo é possível desde que seja feito com esforço e dedicação.




Bárbara Feiteira | Maria Miranda | Nádia Almeida

PUZZLES - A Liderança no Trabalho: Como o Intangível Influencia os Resultados



Entrevista ao fundador da Nelo M.A.R Kayaks, Sr. Manuel Ramos, inserida no evento IPAM Leadership Challenge, desenvolvido para a unidade curricular de Liderança e Negociação do Mestrado em Gestão de Marketing do IPAM Porto.


Ana Raquel Gabriel, Ana Rita Silva, Ana Sofia Santos, João Carvalho, Mafalda Morais

Silva, Ana Rita; Santos, Ana Sofia; Morais, Mafalda; Gabriel, Ana Raquel; Carvalho, João (2020). A Liderança no trabalho: como o intangível influencia os resultados. O exemplo de Manuel Ramos, fundador da Nelo M.A.R Kayaks - a video case study. Research oriented by PhD Patrícia Araújo within "Leadership and Negotiation" Curricular Unit and Presented at Ipam Leadership Challenge.5ªed. Porto: Portuguese Institute of Marketing and Administration. Available at: https://www.youtube.com/watch?v=Ao0WJoDq15s&fbclid=IwAR0nRYZEdxYGRASY7NAWj_gdY0h2zyEmG6z5KQ7S8on5eDs5DJqxmPvHvZo

O sucesso na auto liderança

"100LIMITES" - O sucesso na Auto liderança...

"Todos somos líderes,  dentro daquilo que vamos fazendo, uns numa escala  maior, outros numa escala mais pequena, mas, sobretudo é uma procura diária de tentarmos fazer melhor as coisas"        

 

“Auto-liderança” e “coaching” foram os temas de destaque na entrevista cujo convidado foi Ricardo Cayolla. O convidado foi um tenista profissional sendo, nos dias de hoje, para além de professor, empresário da área do desporto. Tanto ao nível pessoal como profissional, o seu percurso, tem-lhe trazido benefícios ao nível da gestão e da liderança sendo o foco a neurociência. Para além disso, tem cinco livros publicados. Para Ricardo Cayolla, tudo é possível desde que seja feito com esforço e dedicação.







Bárbara Feiteira | Maria Miranda | Nádia Almeida

Badass Leaders - Uma Mulher em Campo.



"Uma Mulher em Campo" é um Video Case Study que retrata como uma líder feminina conseguiu triunfar no mundo futebol. Assim, sendo esta uma área maioritariamente masculina, Helena Pires contou-nos que tudo é possível, basta lutarmos e acreditarmos.

Uma verdadeira experiência para a equipa Badass Leaders que conseguiu executar a sua missão definida inicial sempre com base nos seus valores.

O Video Case Study foi desenvolvido para a unidade curricular, Liderança e Negociação do mestrado Gestão de Marketing leccionado no IPAM Porto.


Badass Leaders - Beatriz Dores, Carmen Braga, Inês Lopes, Joana Tiago e Sara Teixeira

06 janeiro 2020

“Lembra-te que és mortal” – Book Review do livro "Humildade e Soberba" de Arménio Rego, por Joana Campos


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Sobre o autor


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Arménio Rego autor e coautor de inúmeros livros nas áreas de liderança e de gestão de pessoas. É professor catedrático convidado na Católica Porto Business School. Tem diversos trabalhos de investigação premiados nacional e internacionalmente. Move-o o desejo de contribuir para a melhoria das organizações, do ponto de vista económico, humano e social. 




O livro “Humildade e Soberba“tem como objeto principal a questão da liderança. Apresenta abundantes casos de exemplos de líderes e organizações conhecidas e, elucida como a autoconfiança, o poder e o sucesso, se podem transformar em arrogância e soberba. A humildade é apresentada como o antídoto essencial para que o líder, não se deixe influenciar por uma posição narcisística. 
A obra reflete a facilidade com que os líderes, à medida que ascendem na escada do poder, e se rodeiam de pessoas que lhes dizem aquilo que eles querem ouvir, tornam-se facilmente soberbos e arrogantes. 
O autor defende a importância da humildade na liderança, por não só, criar mais proximidade social e emocional com os liderados, como também, permite que o líder tenha “os pés assentes na terra”, evita a ostentação e a visão narcisística da situação. O autor utiliza a palavra - húmus (terra) para transmitir essa consciência. 
Sendo a humildade uma competência ainda desvalorizada e incompreendida, por ser facilmente confundida com fraca autoestima e escassa autoconfiança, esta é uma capacidade que torna os líderes capazes de ouvir vozes críticas, escutar, assumir erros e aprender com os mesmos. Naturalmente que, sendo a humildade uma condição necessária não é suficiente para se alcançar o sucesso. Permite que o líder se “conscialize das suas forças e fraquezas, reconheça as suas qualidades e esteja disposto aprender “(pag.51). Assim, a humildade incorpora duas dimensões: a intrapessoal e interpessoal. A última com maior peso, quando se trata de liderança com os liderados. 

Uma abordagem interessante que o autor faz para situar a humildade e arrogância, nas caraterísticas dos líderes, é confrontar estes dois conceitos com a questão do conhecimento.  Quando o conhecimento é superior à confiança, o líder situa-se na zona de insegurança, o que o torna inseguro e incapaz de corresponder aos desafios. Quando a autoconfiança é superior ao conhecimento, o líder habita a zona da arrogância. O autor sugere que é possível ser-se humilde, mas também arrogante.  O retorno apenas é positivo, quando a humildade é acompanhada de consciência e de conhecimento atualizado permanentemente. 
Um facto de reconhecimento é que os soberbos tendem a ocupar mais espaço mediático do que os humildes. Necessário será reconhecer também que, muitos líderes humildes fracassam, não por serem humildes, mas por estarem sob ausência de outras qualidades. 
A humildade em demasia, também não é a situação ideal. Pode ser problemático, a partir do momento, em que os méritos do líder e as suas realizações, são subestimadas.  
A competência, perseverança e a resiliência dos fracassos são cruciais no sucesso. 
O líder humilde apoia os liderados e partilha conhecimentos e informações. É multiplicador de talentos e protege-os muitas vezes da exaustão emocional em situações críticas. 
O livro refere ainda uma investigação entre Portugal e os EUA onde sugere que os melhores líderes são dotados de humildade e ambição (Humbição). A humildade e garra dos líderes contribuem para dois tipos de forças psicológicas dos liderados: 
                 - Capital psicológico: autoconfiança/determinação, otimismo e resiliência
                 - Garra: perseverança em prol dos objetivos de longo prazo. 
A garra deve sempre acompanhar-se de humildade para não cair em efeitos perversos. 
No mundo empresarial português, existem também exemplos de lideranças com humildade. Como o que escreve sobre a opinião de testemunhas que privaram com Rui Nabeiro, fundador da Delta Cafés, que reconhecem a sua humildade. 


E quando os líderes voam demasiado alto?
A soberba dos líderes contamina toda a organização. O mito grego de Ícaro é uma personificação disso mesmo: “Não voes demasiado alto para que o sol não derreta as asas, nem demasiado baixo para que as ondas do mar te danifiquem as penas”
Quando a húbris – excesso de confiança, ambição e arrogância se juntam, leva os líderes a ultrapassarem os seus limites. 
Os casos expostos no livro transparecem o perigo da hubris nos líderes. Exemplo disso foram a Central de Fuskushima e de Chernobyl. Duas catástrofes que demonstram o poder da soberba. 
A central nuclear de Fukushima e a sua liderança estavam dominadas pela “segurança pela” – subestimou os efeitos de um possível tsunami, defendendo que não necessitariam de implementar melhorias nos procedimentos de segurança. Chegando mesmo a remover-se 25 dos 35 metros de altura de um muro. 
A indiferença à soberba também afetou responsáveis pela cidade de Chernobyl, (hoje cidade fantasma), os engenheiros soviéticos proclamaram altivamente que um acidente nuclear jamais aconteceria, tendo ocorrido posteriormente o pior acidente nuclear da história. Foram tomados pelo excesso de confiança. 
Um outro exemplo de ganância e soberba, foi o caso de Richard Fuld que conduziu o Lehman Brothers ao precipício, denominado o “gorila de Wall Street”. O caso do Banco português BES, dominado por Ricardo Salgado, foi fruto do mesmo mal. 

Qual o antídoto para a húbris que vimos anteriormente? 
O autor defende que a humildade pode funcionar como um lembrete permanente -“lembra-te que és mortal”. Um dos mais enaltecedores da húbris é o sucesso continuado podendo conduzir o líder á invencibilidade. Nesse sentido, o tomar contacto com a realidade operacional, escutar diretamente liderados e clientes, respeitar os opositores, respeitar as pessoas que digam a verdade e promovam o “desrespeito saudável”, são todos complementos do antidoto para potenciar o sucesso.  No fundo “descer à terra”, perceber a essência e a origem do que nos rodeia, torna-nos mais humanos e favorece positivamente as decisões. 


Visão crítica da obra


A leitura deste livro foi surpreendente. O tema da humildade é transcendente a todas as relações do ser humano, quer a nível profissional, social, quer nas relações familiares.
Tenho a humildade como um dos meus princípios de vida e, quem me conhece, sabe tão bem quanto eu, como gosto de ouvir os outros e de os respeitar.  Para mim, humildade é sinónimo de verdade, de natureza e transparência.  A consciência da finitude e da transição das coisas, leva-me a valorizar as conquistas, não as utilizando para autoengrandecer, mas sim para prazer momentâneo. Sim, gosto de ser reconhecida, mas não utilizar isso contra outros ou, para me superiorizar em relação a alguém. 
Acredito que quando existe uma humildade genuína, esta é identificada na pessoa, independentemente da sua condição de vida ou do seu nível socioeconómico. 
Com tudo o que já foi retratado no livro, resta questionar, se valerá a pena a soberba, quando num mundo de “certezas” tudo pode ser incerto? Não sabemos de onde viemos, mas sabemos que temos um fim. No caminho até lá, não valerá a pena, respeitar e ouvir os outros e conquistar as vitórias e partilhar sucessos, com os outros? Vejo o livro de Arménio Rego como uma orientação para o sucesso e espero rever algumas das suas páginas exemplares , ao longo do meu percurso profissional. 

Bibliografia

Rego, A. (2019). Liderança - Humildade e Soberba. 262.

Apontamentos das aulas de liderança 


Citação 

Campos, J. (2019).  “Lembra-te que és mortal” – Book Review do livro Liderança – Humildade e Soberba. Research oriented by PhD Patrícia Araújo within “ Leadership and Negotiation Curricular Unit and Presented at Ipam Leadership Challenge. 3ª Ed. Porto: Portuguese Institute of Marketing and Administration.







Mentes Infinitas como Futuro das Organizações, Simon Sinek- Book Review by Júlio Afonso


Train Your MIND - Simon Sinek (@simonsinek) - #Entspresso ...

Together Is Better: A Little Book of Inspiration: Simon ...Sobre o autor


Nascido em 1973, Simon Sinek é orador e escritor em Wimbledon, Londres. Em criança viveu entre Joanesburgo e Hong Kong. Em 1991 formou-se na High School Regional de Northern Valley, em Demarest. Estudou direito na Universidade de Londres, mas abandou o curso para estudar publicidade. Sinek iniciou a sua carreira profissional em agências de publicidade de Nova York, mas pouco depois criou o seu próprio negócio, Sinek Partners. Enquanto palestrante motivacional, participou enquanto orador, em palestras realizadas na Cúpula Global de Líderes do Pacto Global da ONU e na conferência TEDx. Sinek conta já cinco livros da sua autoria, dentre as quais, as mais marcantes são: “Primeiro pergunte porquê” e “Os líderes comem por último”.

“O Jogo infinito”


Refletir sobre uma forma de gestão de recursos diferente é o desafio lançado por Simon Sinek. Vejamos, o autor inicialmente reconhece a existência de “jogos finitos” e “jogos infinitos”, bem como de “mentes finitas” e “mentes infinitas”. A ideia de jogo finito é clarificada por Sinek da seguinte forma: à semelhança de um jogo de futebol, com um conjunto de regras pré definidas e respeitadas pelos adversários, sendo que no culminar do minuto 90, a equipa com mais golos vence. Em sentido inverso, a ideia de “jogo infinito” é equiparada a um “mercado”, caracterizado por ser intemporal, quer isto dizer que apesar de existirem entidades reguladoras, não existe um decurso temporal definido, cujas regras não estão pré definidas.
Estima-se que 1/3 das nossas vidas seja passada no trabalho. Segundo Kelly, o grande desafio dos gestores modernos está na luta pelo talento, retenção e motivação de equipas e colaboradores, sendo que, só será capaz de sobreviver aquele que fizer dos seus empregados a melhor versão de si própria. A respeito desta temática, é pertinente abordar a teoria da Liderança Transformacional (Bass, Avolio, Jung e Berson, 2003), ancorada em quatro dimensões: influência idealizada (líderes carismáticos capazes de gerarem admiração entre colaboradores); motivação inspiracional, pelo facto de o exemplo começar também pelo topo; estimulação intelectual, pela procura do crescimento profissional e pessoal dos colaboradores da empresa e, por fim, a consideração individualizada presente no principal tópico do livro que abordarei mais adiante.


O livro

No decurso dos seus onze capítulos, Sinek aborda várias temáticas, das quais, os dirigentes de grandes empresas de sucesso e outros de menos sucesso.
O livro gira em torno de uma linha orientadora, o jogo e a mente, fazendo algumas abordagens mais específicas, como a “causa justa” e “as equipas de confiança”. Vejamos um caso concreto: os líderes empresariais almejam ser “os melhores”; “o número um”, “a empresa favorita do consumidor”. No entanto, cada empresa procura o espaço temporal mais conveniente, quer isto dizer que, a empresa que mais vendeu no último trimestre, não significa que seja a que mais vendeu no último ano ou na última década. Para uma empresa, ser o número um, pode ter como base o número de clientes que serve, enquanto outra pode ter como base os lucros ou o comportamento na bolsa. O “jogo infinito” nunca pode declarar um vencedor concreto, porque não tem tempo nem regras de vitória.
No primeiro capítulo, Sinek relata “um conto de dois jogadores”. Trata-se de orador numa cimeira de educação pela Microsoft, e meses depois, por ironia do destino foi orador na mesma conferência pela Apple. Estamos perante duas empresas do mesmo ramo, sendo as principais players.
Na conferência da Microsoft o orador passou a maioria do tempo a falar de como vencer a Apple. Na conferência da Apple, o orador passou a totalidade do tempo a falar da Apple, e a tentar perceber os erros da própria empresa. Um grupo estava focado em derrotar a concorrência, enquanto outro grupo estava obcecado em fazer progredir uma causa. O autor designa uma como mente finita e outra como mente infinita, sendo que a longo prazo a mente infinita é sempre “vencedora”.
Outra abordagem importante inserida no livro é a da “causa justa”, sendo que o autor defende que por detrás de um grande projeto deve existir sempre uma grande causa justa associada.

Visão crítica da obra


Ao longo da sua obra, Simon aborda temas de enorme relevo para atingir o sucesso. O autor qualifica muitos líderes como enganosos, uma vez que não procuram a essência das questões. Os colaboradores de uma empresa podem perfeitamente atingir múltiplos níveis de conhecimento sobre elas, o chamado círculo dourado. No entanto, são poucas as empresas que vão à essência da questão e respondem ao real propósito “porque o fazem?”. Muitas empresas respondem ao propósito/causa com a resposta “lucro”, porém o autor reporta isso como enganoso.
Fazendo uma análise num panorama muito generalista é realmente possível concluir que, os lideres não sabem motivar os seus colaboradores, muitas vezes por não existir um real propósito ou por serem pouco transparentes.
Outra das abordagens interessantes da obra é sobre o recrutamento, o autor defende que se as empresas contratam pessoas que vão trabalhar apenas pela retribuição monetária, elas produziram menos e com menos qualidade do que as pessoas contratadas pela causa/paixão.

Considerações finais


Com uma leitura bastante objetiva do livro da autoria de Simon Sinek é automática a reflexão sobre o modo como dirigimos as pessoas, a sua motivação e o impacto que uma organização e/ou chefia pode ter na vida dos seus colaboradores, tanto a nível profissional como pessoal.
A mentalidade pode realmente ser alterada ao longo dos tempos. Uma mentalidade infinita faz toda a diferença nas organizações, assim como uma causa justa. Na verdade, se pensarmos um pouco, ao longo da história podemos facilmente concluir que todos os grandes feitos, quer sejam pessoais ou empresariais tinham como base uma causa justa e uma mentalidade infinita.

Experiência enquanto Book Reviewer


Ao longo do livro vão surgindo momentos de reflexão sobre os nossos projetos de vida, sobre as nossas empresas. Será que isto se aplica a nós? Será que todas estas teorias são reais?
A verdade é que fazendo uma reflexão mais profunda, é fácil concluir que a resposta é sim, as mentalidades infinitas alcançam o sucesso neste mundo de jogos infinitos. A motivação e cooperação dentro das organizações é a chave para um constante sucesso, mas isto só é possível conseguir tendo uma verdadeira justa causa por detrás.
Ao longo da minha experiência profissional já passei por diferentes entidades, já trabalhei em parceria com muitas instituições e fazendo uma pequena reflexão sobre os diversos modos de gestão é possível perceber quem pratica o jogo finito e infinito. As empresas que praticam o jogo finito têm uma alta taxa de rotatividade a nível de funcionários. As que realmente tem uma mentalidade infinita e transparência com o pessoal, têm os mesmos funcionários há vários anos e com um ambiente de trabalho invejável aos olhos de qualquer um.
É sem dúvida muito importante a forma como o líder coordena a organização, por vezes o sucesso a curto prazo não é o caminho correto.
Ao longo das aulas da unidade curricular de Liderança e Negociação temos abordado o tema do departamento de felicidade dentro das empresas. Algo que me suscitou bastante curiosidade e me fez investigar um pouco sobre o tema. Segundo alguns estudos científicos passamos cerca de 1/3 dos nossos dias ocupados com vida profissional, e muitas vezes no trajeto casa trabalho e trabalho casa, estamos com o pensamento profissional ativo. Se realmente ocupamos tanto do nosso tempo com o trabalho, porque não nos preocupamos em ser feliz durante esse tempo?

Bibliografia

Sinek, Simon. (2019) O jogo infinito. [S. l.]: Lua de Papel, 2019.
https://www.ted.com/talks/simon_sinek_how_great_leaders_inspire_action?language=pt-br

Citação

Afonso, J. (2019) Mentes infinitas como futuro das organizações: resenha crítica ao livro “O jogo infinito” de Simon Sinek. Research oriented by Phd Patrícia Araújo within “Leadership and Negotiation” Curricular Unit and Presented at Ipam Leadership Challenge. 3ª Ed.Porto: Portuguese Institute of Marketing and Administration.