Introdução
Escrito por Ed Catmull, Co-Founder da
Pixar e atual presidente da Pixar Animation
e Disney Animation, este livro
retrata a história da Pixar, como Empresa, e dá a conhecer as experiências do
autor como seu fundador e Presidente. Aqui, ele mostra como foi capaz de enfrentar
todos os desafios presentes no crescimento da Empresa e ao mesmo tempo assegurar-se
que tanto a Organização como o produto refletiam sempre os valores que a mesma
defendia.
Nasceu em West Virginia mas
mudou-se enquanto criança para o Utah.
O seu sonho em criança era tornar-se animador e poder trabalhar na Disney. No
entanto, formou-se em ciência dos computadores e acabou por seguir áreas
relacionadas com matemática, física e informática.
Antes de existir animação por computador, Catmull já havia começado a
programar e a desenvolver tecnologias de 2D e 3D. Na altura em que o autor
estava no Instituto de Tecnologia de Nova Iorque, foi recrutado como chefe da Lucasfilm Computer Division. Entrentanto,
em 1986, esta spin-off foi comprada
pelo Steve Jobs e mais tarde, a partir desta mesma Empresa, foi criada a Pixar.
Notavelmente, ele refere no livro que foram necessários 20 anos para que
conseguisse materializar a ideia que teve em 1974 de criar um filme, completo,
de animação por computador. Esse feito foi conseguido através de uma parceria
com a Disney, na qual ambas as Empresas juntaram esforços e recursos acabando
por criar o Toy Story, em 1995, o
primeiro filme de animação totalmente feito em computador.
Posteriormente em 2006 a Pixar foi vendida à Disney e Catmull tornou-se,
também, presidente da Disney Animation.
Neste novo cargo replicou com sucesso a abordagem da Pixar, tentando sempre preservar
a herança única e que tanto amava da Disney.
Apesar de muito do conteúdo do livro ser acerca da criação da Pixar e do
percurso profissional do autor. O mais importante para mim, como leitor, passa
por toda a experiência e conhecimento que Ed Catmull transmite e que acaba por
ser transformar em lições para o quem está a ler. São lições que a meu ver
possuem um grau de profundidade enorme, pelas mudanças de paradigma que o autor
sugere, sobretudo em temas relacionados com a Gestão de Empresas, e pela
própria simplicidade das suas ideias que revelam um nível de consciência muito
grande, acerca de ele próprio como indivíduo e da forma como interpreta tudo o
que o rodeia.
São muitas as lições que
podemos retirar deste livro, contudo irei apenas focar três delas. Apesar de
parecerem poucas irão certamente dar que pensar.
Lição 1 - Grandes equipas são melhores que grandes ideias
Uma das citações mais populares do
livro é a seguinte:
“Se dermos uma boa ideia a uma equipa medíocre, eles vão aniquilá-la. No
entanto, se dermos uma ideia medíocre a uma equipa brilhante, eles das duas uma,
ou a arranjam ou a deitam fora e conseguem algo melhor.”
Esta é uma daquelas questões acerca
das quais nunca pensamos de forma intuitiva, contudo quando nos é apresentada
sabemos que é verdade. Enquanto uma Empresa contratar pessoas talentosas, que
trabalhem juntas e comuniquem livremente, as ideias acabam por não ser assim
tão importantes, porque surgem naturalmente. Com a cultura certa dentro da
Organização a “ideia” acaba por se ser
algo orgânico, algo que passa de indivíduo em indivíduo de forma quase atómica,
que ao ser levado para o seio de uma equipa, que a consiga trabalhar, entra num
estado embrionário e que, no final, acaba por se materializar num Produto ou
Serviço que nasceu da cocriação de vários elementos pertencentes a uma
Organização.
Lição
2 - Os erros dizem respeito às equipas e nunca aos indivíduos. Todos são
igualmente responsáveis
Falhar é humano e na Pixar todos são
humanos! Em vez de se surpreenderem com o fracasso, todos os que lá trabalham
reconhecem-no de antemão. Ao aceitarem que erros são apenas uma parte do
acordo, todos conseguem preparar e reparar os seus projetos de forma iterativa,
o que permite que grande parte dos erros, encontrados em cada projeto, possam
ser eliminados e ao mesmo tempo sejam delineadas estratégias para que não se
repitam novamente.
No mesmo seguimento, os erros
cometidos na Pixar nunca são cometidos por indivíduos, apenas por equipas.
Quando acontece alguma falha, toda a equipa é responsável e nenhum dedo é apontado
a alguém em particular. Esta mentalidade leva a que os funcionários se sintam
mais seguros pois a culpa é do todo e não de um indivíduo específico.
São muitas as Organizações que não
assumem esta mentalidade, eu pessoalmente passei por algumas. Muitos de nós
gostamos de dizer que errar é humano, contudo só o dizemos quando nos queremos
defender de alguma situação em que nós próprios erramos , se o erro for de
outro sujeito e nos afetar de alguma forma, por muito inocente ou
despropositado que tenha sido, esta expressão já não é válida para a pessoa que
o cometeu. Assim e nas palavras do autor:
“O trabalho do Gestor não é
evitar riscos. O trabalho do Gestor é garantir que os riscos estão controlados
para que outros os possam tomar.”
Falhar é exatamente isso. Apenas
quando todos se sentem seguros para arriscar é que se consegue um ambiente em
que todos têm coragem para serem criativos. A criatividade passa por explorar,
por experimentar, por nos deixar levar e testar limites. Apesar destas ações
estarem associadas a grandes margens de erro, são, no entanto, necessárias para
que o ser humano possa criar algo inovador e disruptivo.
Lição
3 – Os processos não são os objetivos
“Tornar o processo melhor, mais fácil e barato
é uma aspiração importante, algo em que trabalhamos de forma continua – mas
esse não é o objetivo. Fazer algo espetacular, esse sim é o objetivo.”
Vivemos num mundo
onde os processos dentro das organizações são essenciais. Como gestores e como
funcionários, temos imenso orgulho, em nós mesmos, em adotar processos que
façam com que tudo dentro da Empresa funcione da forma mais eficaz.
Efetivamente eles são uma parte integrante e basilar de uma Organização,
contudo entregar algo de maravilhoso e útil ao cliente deve ser sem dúvida a
maior satisfação e preocupação da Organização e de todos aqueles que nela
trabalham. Os processos operacionalizam e automatizam uma série de tarefas
essenciais para o funcionamento de um Empresa, contudo são muitas vezes um
bloqueio para a criação, quando são colocados em primeiro plano.
Um processo é
algo que, a meu ver, agrega valor a um objetivo e que possibilita que este se
último se materialize. Na minha perspetiva, primeiramente, uma Organização tem
de ter um ponto de partida, isto é, o tal objetivo. Pode ser um conceito, uma
ideia ou até uma possível solução para um problema. Primeiramente tem de
imaginar, de sonhar com aquilo que realmente quer criar e só depois de tudo
estar devidamente alinhado, em rascunho, é que deve começar a pensar nos
processos e como é que os mesmos vão ser agregados, de forma a acrescentar
valor e materializar o produto ou serviço.
Esta é uma obra
fantástica para conhecermos a história de uma Empresa tão emblemática como a
Pixar. Contudo, mais interessante do que isso é conhecer as abordagens, as
políticas e as atividades que autor adotou para alcançar o tipo de cultura que
existe atualmente nesta Organização.
Posso dizer sem
qualquer dúvida que este é um livro fundamental para qualquer pessoa que esteja
inserida no mercado de trabalho. Apesar da obra retratar a experiência do autor
como gestor de uma grande Empresa, este livro acaba por ser fundamental para
todos, sejam funcionários ou gestores, pela forma como nos obriga a pensar em
formas de gerir que acabam por sair da norma mas que ainda assim resultam.
Bibliografia
Catmull, Ed (2015), Criatividade – Como vencer as forças que bloqueiam a
inspiração. Clube do Autor
Dados Pessoais
Autor: José Luis Alves Magro
Email: josemagro1989@gmail.com
Perfil: Formado em Design e Engenharia Informática, sou um entusiasta de tudo o
que está ligado à Tecnologia e Inovação. Neste momento trabalho como programador,
adoro fazer o que faço e considero-me um sortudo por poder acrescentar valor ao
mundo através da arte que tanto adoro.