09 janeiro 2019

A arte subtil de saber dizer que se f*da - Book Review por Catarina Cardoso


Mark Manson, autor do livro.


Blogger e escritor norte-americano.
A sua rampa de lançamento foi em 2011, quando lançou um livro sobre como os homens poderiam atrair as mulheres de forma honesta. Este tornou-se best-seller e deste então, Manson ficou conhecido pelos seus livros de desenvolvimento pessoal, com uma linguagem particularmente directa e controversa. Num estilo totalmente próprio.



SOBRE ESTE LIVRO

 “A arte de saber dizer que se f*”, mostra-se desde o início como polémico e destinado a causar sensação.
Categorizado como livro de auto-ajuda e desenvolvimento pessoal, este best-seller faz com a sua escrita, precisamente o oposto, tentando sim, ir contra os padrões de felicidade que a sociedade actual tenta incutir.
Começando na primeira página, onde é inserida logo uma frase que refere “O mundo diz-nos constantemente que o caminho para uma vida melhor é mais, mais, possuir mais, fazer mais sexo, ser mais. Somos constantemente bombardeados com mensagens para nos importarmos com tudo, o tempo todo. Uma televisão nova. Ter férias melhores do que os nossos colegas. Possuir o tipo apropriado de pau de selfie. Porquê?” – Ora, faz-nos reflectir logo à priori sobre o nosso papel e modo de estar na vida, transpondo isso para a curiosidade em ver o que consta no interior do livro.
O livro divide-se em 9 capítulos, todos eles com sub-capítulos e títulos impactantes.
Começando com o primeiro, “NÃO TENTE”, onde nos conta a história de Bukowski, que era um homem fracassado, de 50 anos, que dá uma reviravolta na sua história e se torna num sucesso pelo seu insucesso. Avaliando pelo começo apresentando é de esperar que todo o resto do livro se baseie em problemas mais que actuais, reais, do dia-a-dia, para transpor isso para uma lição de vida, ensinamento para a felicidade. É com essa abordagem directa, que se refere várias vezes à expressão “que se foda”. A atitude que, na perspectiva de M.Manson se deve ter para atingir a simplicidade e felicidade da vida. A relativização dos problemas.  
No seguimento do livro surgem os restantes capítulos intitulados como “A FELICIDADE É UM PROBLEMA”, “VOCÊ NÃO É ESPECIAL”, “O VALOR DO SOFRIMENTO”, “ESTAMOS SEMPRE A ESCOLHER”, “VOCÊ ESTÁ ERRADO ACERCA DE TUDO (MAS EU TAMBÉM)”, “O FRACASSO É O CAMINHO PARA A FRENTE”, “A IMPORTÂNCIA DE DIZER NÃO” e finalmente “E DEPOIS MORREMOS”.
É nesta abordagem que surge a referência a uma característica fulcral do ser humano, que é a inteligência emocional, por meio das emoções. Sendo que essa inteligência advém da utilização das emoções. Desse modo, Manson diz-nos que “as emoções são sobrevalorizadas” e “(…) nunca são duráveis”.  Transmitindo que a fixação excessiva nas mesmas, é falível, na medida em que não são duráveis, não nos satisfazem constantemente.
É no mesmo capítulo, que o autor refere também a importância de não reprimir as emoções negativas uma vez que são elas que os fazem criar mecanismos de feedback e nos ajudam a resolver certos problemas. Controlando essas emoções, estamos a rejeitar esses mesmos mecanismos.
Já num capítulo seguinte, é-nos feita a analogia entre a cebola e o auto-conhecimento, onde a 1º camada é associada às emoções – descrevendo “Isto faz-me feliz”.., “isto faz-me sentir triste”..- e uma segunda ao auto-conhecimento, como que complementares, parte de um processo interior, que após descobrir o que faz sentir o quê, se questiona sobre o “porquê” de nos sentirmos assim..Esse raciocínio e descoberta conduzem todo a narrativa, acompanhada também de história verídicas e fictícias.
Terminando o livro com uma narrativa real, onde é mencionada a morte. Aquilo que o ser humano mais teme, a perda, a sensação que a mesma cria. É-nos apresentada aqui com uma leveza necessária e natural, quando Manso conta que com 19 anos perde um amigo e quando se apercebe que tal aconteceu, tudo muda. Mas com a certeza de que existe um “Lado bom da morte”, como intitula a sua conclusão.

Opinião Critica:
Aqui, apresentam-nos uma visão pouco ortodoxa da busca da felicidade. Muito mais verídica que as habituais, que nos leva à esfomeada vontade de procurar a inexistente felicidade comum, procurando desproblematizar todas as questões diárias com fim no estado pleno. O realmente dizer “que se foda” à preocupação exagerada, à organização extrema e sim ao auto-conhecimento, à expressão dos nossos sentimentos.
Foi essa a razão pela qual este livro foi a minha opção, nunca tendo lido nenhum livro do género, nem tendo conhecimento do sucesso que este tomou. Engolida pelo marketing que nele está transposto, fui sentindo ao longo da leitura que a maioria do que era dito era tão óbvio que não paramos para pensar nas nossas vidas, torna-se assim não óbvio, porque nem ligamos. Nesta medida, a “arte de saber dizer que se f*” teve alguma relevância na minha vida pessoal, transpondo para algumas situações em que realmente, após rápida reflexão, é claro que há questões diárias que poderiam ser simplificadas se nos conhecermos bem e se respeitarmos o que são as emoções, os sentimentos, e como devemos controlar-nos.
Finalizando, Manson acaba por não responder directamente à questão colocada inicialmente mas explica inúmeras vezes, com vários exemplos, que para nos sentirmos mais felizes, não temos que o dizer à frente do espelho, nem nos devemos basear no que os outros têm ou no que deveríamos ter porque a sociedade assim determina, devemos apenas levar a vida com a leveza que ela necessita, aproveitar cada momento e desvalorizar o que não tem claramente valor.  


Catarina Cardoso
nº 8192


Referências Bibliográficas:
Manson, M. (2018). A arte subtil de saber dizer que se f*da.
Consulta PowerPoint aulas.


Referência para citação:
Cardoso, C. (2018). A arte subtil de saber dizer que se f*da.- Book Review.  Research oriented by PhD Patrícia Araújo within "Leadership and Negotiation" Curricular Unit and Presented at Ipam Leadership Challenge.3ª Ed. Porto: Portuguese Institute of Marketing and Administration.

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