09 janeiro 2019

"Aprenda a Ser Feliz!" – Escalar para Felicidade : Uma Book Review por Márcia Nascimento

Book Review - Escalar  para Felicidade



TAL BEM-SHAHAR

Nascido em 1970, é um professor americano e israelense, escritor, consultor na universidade de Harvard, onde leciona o mais concorrido curso de Psicologia Positiva, bem como um popular curso de Psicologia da Liderança.
Ben-Shahar desenvolveu a sua carreira acadêmica em Harvard onde se formou em Psicologia e Filosofia, e onde se doutorou em Comportamento Organizacional.
Veterano das Forças Armadas israelitas, trabalha na organização pacifista David Project, é consultor de várias empresas multinacionais e dá formação em áreas como felicidade, autoestima, definição de objetivos e liderança.
É o autor dos best-seller internacionais “Mais feliz” e “Ser feliz” que foram traduzidos para 25 idiomas. Em 2011 cofundou a Potentialife com a Augus Ridgway, empresa que fornece programas de liderança, focando-se na mudança comportamental para as organizações, escolas e organizações desportivas por todo mundo. 

Aprenda a ser feliz
Este não se trata apenas de um livro dito meramente normal, mas sim de um curso de aprendizagem e escalada para quem procura resposta sobre uma das perguntas mais complexas:
Nós podemos aprender a ser felizes? Sim, sem dúvida. De acordo com o professor Dr. Tal Ben-Shahar a felicidade é uma competência que pode ser aprendida.
Ben-Shahar apresenta duas ideias essenciais na sua obra. A primeira mostra a sua escalada, a sua aprendizagem em busca da felicidade e de uma vida mais significativa, narrando a sua história pessoal e apresentando o seu próprio conceito sobre a felicidade. Demostra igualmente como é possível combinar felicidade: prazer (benefício presente) + significado (benefício futuro) que as nossas atividades nos proporcionam.
A segunda parte do livro Ben-Shahar foca-se em felicidade que advém de práticas, felicidades adquiridas nas escolas, no trabalho e nas inter-relações.
A obra assenta em três ideias fundamentais: O que é a Felicidade, a Felicidade Aplicada e Meditações sobre a Felicidade. Ben-Shahar combina engenhosamente pesquisas acadêmicas, estudos científicos e aconselhamentos que promovem uma série de princípios e valores que qualquer pessoa pode adotar na sua vida diária.

O que é a Felicidade
Segundo Ben-Shahar, este define a felicidade como “a experiência global do prazer e do significado”.
Ele utiliza um modelo de hambúrguer para descrever as pessoas - os arquétipos - e seus padrões distintos de atitudes e comportamentos em busca da felicidade (moeda final).
  • Hambúrguer de alimento é o hedonista - apenas a jornada na escalada ao pico da montanha é importante, o benefício presente, busca o prazer que para ele é a finalidade da vida a curto prazo. Evita a dor e torna-se escravo do presente.
  • Hambúrguer vegetariano é da competição desenfreada - não consegue aproveitar a jornada na escalada ao pico da montanha, benefício futuro. É a dor a curto prazo seguida de satisfação a longo prazo. São incapazes de desfrutar o que estão a fazer com uma persistente crença de que ao chegar a um destino certo serão felizes.
  • Pior Hambúrguer é o niilista - desistiu da jornada e de alcançar o pico da montanha que era o seu destino - prejuízo presente e futuro.  É a dor a curto e longo prazo. Está resignado à crença de que a vida não tem sentido, fortemente ligado ao passado, não importa o que faça, pois nada o poderá levar a alcançar a felicidade.
  • Hambúrguer ideal é o que cria a felicidade - este aproveita e desfruta toda a sua jornada até alcançar o seu objetivo que é chegar ao pico da montanha, pois ambos tem valor - benefício presente e futuro - que é um destino que consideramos valioso, ou seja, a felicidade é a experiência de escalar a montanha até ao seu topo.
Uma pessoa dita feliz desfruta de emoções positivas e o seu prazer está ligado a experiências que advêm dessas emoções. Vive sempre focada no benefício presente, no aqui e agora, tendo a noção de propósitos, do benefício futuro que resulta das suas ações.
No entanto, necessitamos que as causas dessas emoções positivas sejam significativas nas nossas vidas, ou seja, a existência de um sentido de propósito, um efeito real no mundo e não apenas sentir.   
Porém, o que não conseguimos reconhecer é que para encontrar este sentido de propósito, é preciso mais do que estabelecer metas, e sim estabelecer metas para nós próprios que sejam intrinsecamente significativas.
Assim como o prazer não é suficiente para que nos sintamos felizes, ter noção de propósito também não chega. É quase impossível manter ações a longo prazo, independente do significado que lhe atribuímos, sem sentir prazer emocional no presente.
A perceção da felicidade designada no livro como “moeda final”, não o ouro ou prestígio, guia a nossa vida em torno de como podemos encontrar mais prazer e significado ao invés de adquirir mais dinheiro e bens materiais.
Quando as nossas experiências positivas (renda), superam as negativas (despesas), obtemos o chamado lucro. Quando ocorre o inverso, o resultado que obtemos é uma falência emocional e consequentemente um sentido de incapacidade.

A Felicidade Aplicada
Tal Ben-Shahar refere que é necessário concentrarmo-nos em coisas práticas que promovem a felicidade na educação, no trabalho e nos nossos relacionamentos.  
Na educação, Ben-Shahar ilustra dois modelos de como podemos motivar os alunos, e sugere um modelo de amor para uma aprendizagem mais agradável e com maior sucesso.
O atual modelo aplicado em todas as instituições de ensino denomina-se Asfixia e demonstra claramente que os alunos não gostam de estudar, pois são asfixiados por trabalhos que não apreciam e as suas motivações estão ligadas apenas ao receio de fracassar.
Afeto é um modelo apresentado por Ben-Shahar, que defende que oferecer uma maneira diferente de pensar sobre o ensino, pode conduzir às experiências dos benefícios presentes e no futuro, bem como ao prazer e ao significado.
Em relação ao trabalho, o autor aborda o porquê de muitas pessoas trabalharem em atividades que não lhes proporcionam prazer e significado. Temos medo de mudar e procurar um novo desafio, pois estabelecemos baixos padrões para nós mesmos em relação à moeda final, ou seja, em relação à nossa própria felicidade.
Para implementar a mudança nas nossas vidas é imprescindível termos coragem, pois a “coragem não é não ter medo, é ter medo e mesmo assim ir em frente”.
Trabalhar mais feliz faz com que conquistemos maior prazer e mais significado.
Nos nossos relacionamentos - sendo esta a área mais complexa das nossas vidas - Ben-Shahar fala sobre o verdadeiro significado de amar e ser amado incondicionalmente.
Dedicar-se aos relacionamentos mais íntimos demonstra um investimento no nosso tempo e na nossa energia para relações próximas e assertivamente orientadas. Já as relações que nos causam sentimentos e pontos negativos nas nossas vidas, devemos ter coragem de deixar partir e permitir-nos encontrar a relação que nos proporciona o bem-estar. 
Quando passamos tempo de qualidade isso aumenta a nossa satisfação pela vida e proporciona-nos um maior sentimento de felicidade.
Conseguimos sempre melhorar as nossas relações de forma a satisfazer não só essa relação, como também contribuir benevolentemente para o benefício do outro em prol da nossa felicidade, e não focar-se no benefício do outro para a sua própria felicidade.
No entanto a felicidade dos outros também é importante para nós, pois ao ajudarmos os outros a serem felizes contribuímos para a nossa própria felicidade.

Meditações sobre a Felicidade
No que diz respeito às meditações sobre a felicidade, Tal Ben-Shahar apresenta reflexões sobre a natureza da felicidade e a sua importância nas nossas vidas, sugerindo que criemos rituais para ela.
Por exemplo, os melhores artistas e atletas têm rituais diários para treinar e gerir suas energias e comportamentos.
Assim sendo, que hábitos podemos incluir nas nossas vidas para que possamos ser pessoas mais felizes? Fazer exercício, passear com amigos, jantar com a família são alguns exemplos. 
O segredo passa por incluir um ou dois rituais, fazer isso um hábito e depois aumentar lentamente.
Saber agradecer as coisas que nos fazem bem, torna-nos ainda mais felizes.
Aqueles que aplicam pelo menos três a cinco coisas pelas quais são gratas, e que realmente lhes tragam um sentimento de felicidade, têm níveis mais altos de bem-estar emocional e físico.
As pessoas mais felizes e sucedidas são aquelas que fazem o que tem vontade e paixão, seguindo sempre o seu coração.
Como defende Abraham Maslow “A melhor coisa que pode acontecer a uma pessoa é ser pago para fazer o que apaixonadamente ama fazer.”


Proximidade à matéria Disciplina Negociação e Liderança
Durante a leitura da obra foi possível constatar que alguns dos temas abordados vão ao encontro da matéria leccionada na unidade curricular de Negociação e Liderança. Por exemplo, o autor aborda o aumento, por toda a sociedade, do predomínio da falência emocional, o “desespero avassalador” - o niilista - a noção de sermos incapazes de ultrapassar este estado emocional empobrecido, a nível individual e global. Estes são conceitos defendidos por Daniel Goleman relativamente à inteligência emocional.
De igual forma, as necessidades humanas de Maslow estão bem retratadas uma vez que o autor refere que, “uma pessoa pode escolher sempre um estilo de vida a menos que se atreva a ouvir-se a si própria, ao seu próprio Eu, em cada momento da sua vida”.
As funções de liderança por Kotter, motivação extrínseca - referente a fatores externos do indivíduo, fama, fortuna ou o poder -  e intrínseca refere-se a fatores internos, o prazer e significado, a moeda final - que é a felicidade - autodisciplina, automotivação e autoliderança, são os pilares do livro, onde o autor Tal Ben-Shahar foca-se em ajudar os seus leitores na procura da resposta para a derradeira pergunta: “O que é uma vida feliz e que valha a pena ser vivida?”.

O autor sugere no seu livro várias técnicas, bem como exercícios práticos para aplicarmos diariamente na nossa vida, de forma a entender, trabalhar e alcançar aquilo a que nos propomos e é realmente importante para nós, aumentando assim o nosso nível de felicidade.


Reflexão final
Passamos a viver uma vida feliz quando alcançamos prazer e significado. Quando dedicamos tempo e disponibilidade aos nossos entes queridos. Somos felizes quando estamos em constante aprendizagem e nos mostramos recetivos para tal, mas também quando nos envolvemos em projetos no nosso trabalho.
Quanto mais preenchermos os nossos dias com experiências que realmente têm grande significado para nós, tornamo-nos mais felizes.
É fundamental avaliarmos o nosso quotidiano e gastar o nosso tempo com coisas de que realmente gostamos e que agregue valor à nossa vida. É necessário descobrir os valores intrínsecos que são mais importantes para nós e segui-los com o coração.
Devemos criar rituais significativos, como o diário de gratidão, por exemplo, que nos proporcione mais prazer, viver e apreciar o momento presente. Apreciar a nossa jornada na escalada ao pico da montanha, pois a nossa felicidade está na experiência da subida em direção ao objetivo que é o topo da montanha.

Comece uma nova experiência, desenvolva-a e crie uma nova história.




                           MARCIA NASCIMENTO
“Com um relacionamento interpessoal forte, humilde e dinâmico, estou sempre atenta e disponível para enfrentar os desafios. Considero-me uma pessoa alegre e muito positiva, vivo a vida intensamente.
Para mim o sorriso é arma mais poderosa do mundo sendo, capaz de quebrar barreiras”.








Para citar este texto, utilize o seguinte modelo de referência:
Nascimento, M. (2019). Escalar para Felicidade. Research oriented by PhD Patrícia Araújo within “Leadership and Negotiation”; Curricular Unit and Presented at Ipam Leadership Challenge.3ª Ed. Porto: Portuguese Institute of Marketing and Administration. Available at: https://ipamleadershipchallenge.blogspot.com/2019/01/book-review-escalar-para-felicidade-tal.html





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