Sobre o autor
Nascido em 1973, Simon Sinek é orador e escritor em
Wimbledon, Londres. Em criança viveu entre Joanesburgo e Hong Kong. Em 1991
formou-se na High School Regional de Northern Valley, em Demarest. Estudou
direito na Universidade de Londres, mas abandou o curso para estudar
publicidade. Sinek iniciou a sua carreira profissional em agências de
publicidade de Nova York, mas pouco depois criou o seu próprio negócio, Sinek Partners.
Enquanto palestrante motivacional, participou enquanto orador, em palestras
realizadas na Cúpula Global de Líderes do Pacto Global da ONU e na conferência TEDx.
Sinek conta já cinco livros da sua autoria, dentre as quais, as mais marcantes
são: “Primeiro pergunte porquê” e “Os líderes comem por último”.
“O Jogo
infinito”
Refletir
sobre uma forma de gestão de recursos diferente é o desafio lançado por Simon
Sinek. Vejamos, o autor inicialmente reconhece a existência de “jogos finitos”
e “jogos infinitos”, bem como de “mentes finitas” e “mentes infinitas”. A ideia
de jogo finito é clarificada por Sinek da seguinte forma: à semelhança de um
jogo de futebol, com um conjunto de regras pré definidas e respeitadas pelos
adversários, sendo que no culminar do minuto 90, a equipa com mais golos vence.
Em sentido inverso, a ideia de “jogo infinito” é equiparada a um “mercado”, caracterizado
por ser intemporal, quer isto dizer que apesar de existirem entidades
reguladoras, não existe um decurso temporal definido, cujas regras não estão
pré definidas.
Estima-se
que 1/3 das nossas vidas seja passada no trabalho. Segundo Kelly, o grande
desafio dos gestores modernos está na luta pelo talento, retenção e motivação
de equipas e colaboradores, sendo que, só será capaz de sobreviver aquele que
fizer dos seus empregados a melhor versão de si própria. A respeito desta
temática, é pertinente abordar a teoria da Liderança Transformacional (Bass,
Avolio, Jung e Berson, 2003), ancorada em quatro dimensões: influência
idealizada (líderes carismáticos capazes de gerarem admiração entre
colaboradores); motivação inspiracional, pelo facto de o exemplo começar também
pelo topo; estimulação intelectual, pela procura do crescimento profissional e
pessoal dos colaboradores da empresa e, por fim, a consideração individualizada
presente no principal tópico do livro que abordarei mais adiante.
O
livro
No
decurso dos seus onze capítulos, Sinek aborda várias temáticas, das quais, os dirigentes
de grandes empresas de sucesso e outros de menos sucesso.
O
livro gira em torno de uma linha orientadora, o jogo e a mente, fazendo algumas
abordagens mais específicas, como a “causa justa” e “as equipas de confiança”. Vejamos
um caso concreto: os líderes empresariais almejam ser “os melhores”; “o número
um”, “a empresa favorita do consumidor”. No entanto, cada empresa procura o
espaço temporal mais conveniente, quer isto dizer que, a empresa que mais
vendeu no último trimestre, não significa que seja a que mais vendeu no último
ano ou na última década. Para uma empresa, ser o número um, pode ter como base
o número de clientes que serve, enquanto outra pode ter como base os lucros ou
o comportamento na bolsa. O “jogo infinito” nunca pode declarar um vencedor
concreto, porque não tem tempo nem regras de vitória.
No
primeiro capítulo, Sinek relata “um conto de dois jogadores”. Trata-se de orador
numa cimeira de educação pela Microsoft, e meses depois, por ironia do destino
foi orador na mesma conferência pela Apple. Estamos perante duas empresas do
mesmo ramo, sendo as principais players.
Na
conferência da Microsoft o orador passou a maioria do tempo a falar de como
vencer a Apple. Na conferência da Apple, o orador passou a totalidade do tempo
a falar da Apple, e a tentar perceber os erros da própria empresa. Um grupo
estava focado em derrotar a concorrência, enquanto outro grupo estava obcecado
em fazer progredir uma causa. O autor designa uma como mente finita e outra
como mente infinita, sendo que a longo prazo a mente infinita é sempre
“vencedora”.
Outra
abordagem importante inserida no livro é a da “causa justa”, sendo que o autor
defende que por detrás de um grande projeto deve existir sempre uma grande
causa justa associada.
Visão crítica da obra
Ao
longo da sua obra, Simon aborda temas de enorme relevo para atingir o sucesso.
O autor qualifica muitos líderes como enganosos, uma vez que não procuram a essência
das questões. Os colaboradores de uma empresa podem perfeitamente atingir múltiplos
níveis de conhecimento sobre elas, o chamado círculo dourado. No entanto, são
poucas as empresas que vão à essência da questão e respondem ao real propósito
“porque o fazem?”. Muitas empresas respondem ao propósito/causa com a resposta
“lucro”, porém o autor reporta isso como enganoso.
Fazendo
uma análise num panorama muito generalista é realmente possível concluir que,
os lideres não sabem motivar os seus colaboradores, muitas vezes por não
existir um real propósito ou por serem pouco transparentes.
Outra das abordagens
interessantes da obra é sobre o recrutamento, o autor defende que se as
empresas contratam pessoas que vão trabalhar apenas pela retribuição monetária,
elas produziram menos e com menos qualidade do que as pessoas contratadas pela
causa/paixão.
Considerações finais
Com
uma leitura bastante objetiva do livro da autoria de Simon Sinek é automática a
reflexão sobre o modo como dirigimos as pessoas, a sua motivação e o impacto
que uma organização e/ou chefia pode ter na vida dos seus colaboradores, tanto
a nível profissional como pessoal.
A
mentalidade pode realmente ser alterada ao longo dos tempos. Uma mentalidade
infinita faz toda a diferença nas organizações, assim como uma causa justa. Na
verdade, se pensarmos um pouco, ao longo da história podemos facilmente concluir
que todos os grandes feitos, quer sejam pessoais ou empresariais tinham como
base uma causa justa e uma mentalidade infinita.
Experiência enquanto Book
Reviewer
Ao
longo do livro vão surgindo momentos de reflexão sobre os nossos projetos de
vida, sobre as nossas empresas. Será que isto se aplica a nós? Será que todas
estas teorias são reais?
A
verdade é que fazendo uma reflexão mais profunda, é fácil concluir que a
resposta é sim, as mentalidades infinitas alcançam o sucesso neste mundo de
jogos infinitos. A motivação e cooperação dentro das organizações é a chave
para um constante sucesso, mas isto só é possível conseguir tendo uma
verdadeira justa causa por detrás.
Ao
longo da minha experiência profissional já passei por diferentes entidades, já
trabalhei em parceria com muitas instituições e fazendo uma pequena reflexão
sobre os diversos modos de gestão é possível perceber quem pratica o jogo
finito e infinito. As empresas que praticam o jogo finito têm uma alta taxa de
rotatividade a nível de funcionários. As que realmente tem uma mentalidade
infinita e transparência com o pessoal, têm os mesmos funcionários há vários
anos e com um ambiente de trabalho invejável aos olhos de qualquer um.
É
sem dúvida muito importante a forma como o líder coordena a organização, por
vezes o sucesso a curto prazo não é o caminho correto.
Ao
longo das aulas da unidade curricular de Liderança e Negociação temos abordado
o tema do departamento de felicidade dentro das empresas. Algo que me suscitou
bastante curiosidade e me fez investigar um pouco sobre o tema. Segundo alguns
estudos científicos passamos cerca de 1/3 dos nossos dias ocupados com vida
profissional, e muitas vezes no trajeto casa trabalho e trabalho casa, estamos
com o pensamento profissional ativo. Se realmente ocupamos tanto do nosso tempo
com o trabalho, porque não nos preocupamos em ser feliz durante esse tempo?
Bibliografia
Sinek, Simon.
(2019) O jogo infinito. [S. l.]: Lua de Papel, 2019.
https://www.ted.com/talks/simon_sinek_how_great_leaders_inspire_action?language=pt-br
Citação
Afonso, J. (2019) Mentes infinitas
como futuro das organizações: resenha crítica ao livro “O jogo infinito” de Simon
Sinek. Research oriented by Phd Patrícia Araújo within
“Leadership and Negotiation” Curricular Unit and Presented at Ipam Leadership
Challenge. 3ª Ed.Porto: Portuguese Institute of Marketing and Administration.
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