BOOK
REVIEW:
“História
de mulheres”
Raquel
Sá, 8271
1. Caraterísticas
do livro
Título: Histórias de Mulheres
Contexto da
autora: Rosa Montero
Rosa Montero
nasceu em Madrid em 1951 e estudou Jornalismo e Psicologia. Como jornalista,
colabora atualmente em exclusivo com o jornal El País, tendo obtido, em 1980, o
Prémio Nacional de Jornalismo e, em 2005, o Prémio da Associação da Imprensa de
Madrid, por toda a sua vida profissional. É conhecida pelo seu grafismo simples
e “páginas arejadas”, sendo vista como uma figura central da literatura
espanhola contemporânea.
Sinopse: Quinze mulheres extraordinárias, com
trajetórias distintas e algo em comum: a capacidade de desafiar as normas vigentes,
superar preconceitos e marcar seus nomes na história. Com a delicadeza que
caracteriza seus livros, Rosa Montero mescla em seus textos informações
biográficas relevantes e referências apaixonadas a mulheres como Simone de
Beauvoir, Camille Claudel e Frida Kahlo, sinônimos de poder, criatividade e
genialidade.
2. Introdução
A
autora inicia a introdução com uma reflexão sobre a sociedade, onde a mesma
referencia que “ foi preciso vir o positivismo e a morte definitiva dos deuses
para que os habitantes do mundo ocidental desdenhassem da imutabilidade da
ordem natural e começassem a interrogar-se em massa sobre o porquê das
coisas(…) os numerosos porquês relativos à condição da mulher: diferente,
distante, subjugada. Existe uma afirmação de Rosa Montero sobre o facto de ao
longo dos tempos existir um medo do poder que as mulheres realmente detêm
começando por explorar algumas mulheres poderosas dos primórdios da criação,
neste caso deusas como Pandora (a primeira mulher segunda a mitologia grega)
que foi criada por Zeus para castigar os homens atribuindo-lhe uma jarra que
continha várias desgraças que esta acabaria por abrir por “curiosidade
feminina”; assim como ainda o exemplo de Adão e Eva onde mais uma vez a
“curiosidade feminina” influencia Eva a comer a maçã proibida que tem como
consequência o casal ser expulso do paraíso.
Ambas
as histórias fazem a mulher parecer um ser fraco, e sem juízo. A autora
continua a introduzir histórias de mulheres de tempos antigos e conclui que as
mulheres foram sempre consideradas cidadãs de segunda classe tanto no Ocidente
como no Oriente e apenas no século XIX apareceu a “questão da mulher” como um
problema social. Depois deste contexto percebe-se que,apesar de pequenos passos
dados em caminho da igualdade entre géneros, esta está ainda longe de ser
atingida na sociedade atual.
Das várias
mulheres retratadas nesta obra, escolhi explorar a história de Agatha Christie,
que é uma mulher da qual sempre ouvi falar e sempre tive interesse em conhecer
melhor mas nunca tinha efetivamente explorado a fundo todo o seu “background”.
Quis o destino que esta fosse a primeira mulher descrita na obra de Rosa
Montero.
3. AGATHA
CRISTIE
“ (…) a existência de
Agatha Christie é uma longa fuga da negrura, um combate secreto contra o caos”
Rosa
Montero introduz Agatha Christie como uma mulher que raramente mostrava os
dentes quando se ria pois sempre foi insegura com a sua aparência. Nasceu em
1890 e portanto faz parte da geração britânica que teve de enfrentar as
primeiras ruínas do império. Acabava-se o reinado Vitoriano que tinha um
conceito muito preciso e uma visão do mundo muito firme onde tudo tinha o seu
sentido e lugar. Esta visão foi destruída por uma visão mais científica e
factual do mundo que Darwin apresentou à sociedade, o que acabou com a
credibilidade que as doenças, por exemplo, eram um castigo de Deus.
Enquanto
autores como Virginia Woolf e Lytton Stratchey construíram obras a aceitar esta
desordem social, Agatha Christie passou toda a sua vida, segundo Rosa Montero
“lutando contra o caos”. Agatha sempre tentou ser a esposa e a filha ideal,
tentado assim inserir-se nos padrões tradicionais destes papéis. Para além
disso, tentou sempre continuar com valores morais vitorianos de ordem e de
normas, o universo intacto da sua infância que era a única memória estável e
feliz até então. Escreveu seis livros, onde usava o pseudónimo de Mary
Westmacott, nos quais eram retratados romances policiais onde se transmitia uma
ideia de que a realidade era descontínua, narrando a crise de uma mulher
convencional, burguesa e aparentemente feliz que de repente percebe que a
existência não é como esta pensava.
Agatha
era uma mulher aventureira que gostava muito de viajar “capaz de viver durante
meses numa tenda no deserto da Síria ou de casar em segundas núpcias com um
homem 15 anos mais novo do que ela”. Isto tudo numa época em que este tipo de
comportamento era uma afronta à sociedade e tinha as suas respetivas
consequências.
Apesar
de uma vida adulta atribulada pela morte da mãe e pela indiferença do primeiro
marido, Agatha, que pensava que tudo na vida era fruto de um conjunto de normas
sensatas, revolta-se contra a ordem social e começa um caminho de descobrimento
pessoal. Ficou conhecida pelo gosto que tinha pela vida e pela sua constante
vontade de ser feliz. Rosa Montero reflete sobre como a Agatha Christie que se
manifesta na sua obra “Vem e diz-me como vives”, é aquela que a autora gosta
mais pois transparece uma mulher divertida e extravagante que via o melhor da
vida nos pequenos momentos que passavam ao lado à maior parte das pessoas.
Agatha
começa a fazer a sua autobiografia em 1950 e põe um ponto final às suas
memórias escritas pois achou o momento indicado para parar, segundo a própria,
“No que diz respeito à vida, isto é tudo o que há para dizer”. Rosa refere
também outra razão para este ponto final, sendo ela o facto de Agatha ter
acompanhado a doença senil dos seus avós de perto e por isso ter receio de ter
o mesmo fim e enlouquecer. A verdade é que este foi mesmo o seu desfecho,
desenvolvendo uma doença mental que eventualmente levaria à sua morte.
Em
jeito de conclusão, Rosa Montero escreve: “ Ela, que sempre lutara tanto, que
sempre lutara tanto para manter o controlo, que sempre fugira do medo interior
e das trevas, foi apanhada no fim pelo perseguidor. Talvez todos tenhamos
dentro de nós o nosso próprio perseguidor; talvez ele acabe sempre por nos
apanhar; talvez saber isso e não nos assustarmos seja o próprio segredo da
existência.
4. Relação
entre livro-liderança
Eu
tive muito prazer em ler esta obra e ficar a conhecer várias personalidades
femininas que abalaram a sociedade do seu tempo de maneiras diferentes,
deixando a sua marca e abrindo caminho para outras mulheres que eventualmente
pudessem inspirar-se nelas. Consegui conectar a história de Agatha Christie com
o significado de liderança pois penso que, uma mulher que estava conformada e
em fase de negação com a evolução da sua vida, tomou as rédeas e não se deixou
levar pelas regras que a sociedade da altura enaltecia.
Agatha
Christie era uma mulher que vivia na sombra dos seus problemas e, inclusive, na
sombra do seu marido e eventualmente, depois de ir ao “fundo”, percebeu que ela
própria comanda o seu destino da sua vida. Esta força de vontade e
especialmente esta força de visão que impulsionam uma mudança do ambiente
(neste caso na vida de Agatha Christie), que podemos adaptar para o mundo dos
negócios pois, a mudança é o fator indispensável para alcançar o sucesso. Atualmente,
um líder tem de conseguir fazer uma análise do ambiente (micro e macro) que
envolve a sua empresa e saber o que mudar ou adaptar em função da evolução da
sociedade e do mercado.
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