11 dezembro 2018

“O objetivo da vida, é uma vida com objetivos” - Book Review por Beatriz Silva



"O objetivo da vida, é uma vida com objetivos” – Book Review do Livro “O Monge que vendeu o seu Ferrari” por Beatriz Silva


Nas áreas da Gestão e do Desenvolvimento Pessoal nos EUA, Robin Sharma é um dos autores de maior renome, sendo considerado um dos mais conhecidos gurus de gestão e autoajuda do mundo.

Licenciado em Direito, teve uma carreira de sucesso como advogado e dedicou-se também ao ensino. Talvez desiludido com a sua profissão e com o desgaste que esta imprimia à sua vida pessoal, Sharma resolveu exorcizar as suas angústias e encontrar significado para a vida através da escrita. Começou por publicar, por conta própria, o livro “MegaLiving”, um guia para a gestão de stress que compilou várias técnicas de espiritualidade tanto ocidentais como orientais. Seguiu-se a publicação daquele que se tornou o seu best seller: “O Monge que vendeu o seu Ferrari”. Posteriormente, Sharma publicou onze outros livros e fundou uma empresa de treino em liderança “Sharma Leadership International”.
A peculiaridade dos títulos das suas obras tem como objetivo captar a atenção do leitor pelo absurdo fazendo com que haja curiosidade de ler os seus livros.
Para além da escrita Robin Sharma, com a sua experiência de mais de 20 anos, dá palestras motivacionais a diversas organizações, como é o caso da Nike e da Microsoft. Através de um discurso impactante e atrativo, transmite a mensagem que qualquer pessoa em qualquer papel pode ser um líder.
Tanto nas suas obras como nas suas palestras, Sharma leva os seus leitores/ouvintes a (re)pensarem as suas vidas.  
                               “O objetivo da vida, é uma vida com objetivos”                                              (Sharma, R., 2009, p.79)

“O Monge que vendeu o seu Ferrari” é uma fábula espiritual que retrata o dia a dia dos empresários e realça a constante correria característica dos compromissos de trabalho.
A personagem Julian Mantle, é um conceituado e bem-sucedido advogado, rico e famoso que vive rodeado de luxos, de entre os quais se destacam uma casa na praia e um Ferrari. Profissionalmente ganha todos casos e é considerado, pelos seus pares, como um “animal” em tribunal.  
Certo dia, em pleno tribunal nas alegações finais de mais um caso que se afigurava com um desfecho brilhante, Julian, acusando um enorme cansaço e desgaste fruto da dedicação desmesurada à profissão, sofre um ataque cardíaco.
Este acontecimento constitui-se como um marco importante na sua vida e um ponto de viragem em toda a sua existência. Decide abandonar a carreira jurídica e iniciar um novo estilo de vida. Vende todos os seus bens e parte numa viagem pelo Oriente. Na Índia, tem o privilégio de conhecer Iogue Raman que, após uma partilha de experiências, lhe indica um local e um grupo de pessoas onde Julian poderia encontrar aquilo que tanto procurava: uma vida com mais encanto e equilíbrio. O local no monte dos Himalaias era a aldeia de Nirvana de Savana e as pessoas sugeridas por Raman eram os grandes sábios de Sivana. Iogue Raman era o sábio mais velho de Sivana e o líder do grupo.
Neste local, Julian aprende a viver uma vida em harmonia, plena de realização seguindo os princípios e técnicas dos sábios.
Aprende e interioriza que:
“O segredo da felicidade é simples: descobre o que gostas realmente de fazer e, depois, canaliza todas as tuas energias nesse sentido. Assim, que o fizeres, terás uma vida rica e todos os teus desejos se concretizarão facilmente.” (Sharma, R., 2009, p.76)

Existe uma série de técnicas e procedimentos que devemos adotar para atingir a felicidade, por exemplo, por cada pensamento negativo que se instale na nossa mente, devemos substitui-lo por um positivo; devemos definir objetivos: do mais pequeno para o maior, do particular para o geral, do interior para o exterior; manter a mente aberta e acreditar na nossa própria capacidade para realizar algo; praticar o “Kaizen”, ou seja empenhar-se e esforçar-se diariamente para dar sentido à vida; refletir sobre o valor da vida e das nossas conquistas; gerir o tempo de forma a simplificar a vida, concentrar-se no que é essencial e manter o equilíbrio; servir os outros altruisticamente com o objetivo de ascender à dimensão suprema da vida e, finalmente, viver no presente não sofrendo por antecipação de um futuro que nem saberemos se chegará a acontecer. Todas estas técnicas e procedimentos encontram-se interligados com o domínio do próprio “eu”. De entre as técnicas e práticas que Iogue Raman ensina, destacam-se dez rituais eficazes para alcançar o autodomínio:

·         Ritual da Solidão (reservar um período obrigatório de paz/sossego durante o dia);
·         Ritual da Fisicalidade (cuidar da mente e do corpo da mesma forma);
·         Ritual dos Alimentos Vivos (aderir a um regime alimentar saudável e incluir os alimentos vivos);
·         Ritual do Conhecimento Abundante (aprender o mais possível durante a vida e expandir conhecimentos);
·         Ritual da Reflexão Pessoal (promover o autoconhecimento; contemplar o interior);
·         Ritual do Despertar Cedo (acordar com o nascer do sol para começar bem o dia);
·         Ritual da Música (ouvir música como um estímulo espiritual);
·         Ritual da Palavra Falada - Mantras (utilizar palavras no discurso que associadas umas às outras criam um efeito positivo, fazendo com que as pessoas se sintam concentradas, fortes e felizes);
·         Ritual do Caráter Coerente (adotar medidas para construir o caráter, assente nos seguintes princípios: empenho, compaixão, humildade, paciência, honestidade e coragem);
·         Ritual da Simplicidade (viver uma vida simples, para torná-la gratificante e extremamente pacífica).

Na busca pela felicidade, as técnicas e rituais que Sharma elenca, constituem-se como um manancial de possibilidades para o ser humano. Poderá ser difícil adotar todas e alterar hábitos e pensamentos enraizados em nós, fruto da nossa cultura. No entanto, se os começarmos a utilizar na nossa vida, nas nossas atitudes, pensamentos e formas de relacionamento social, talvez possamos iniciar, de uma forma segura, a caminhada para atingir a felicidade. O próprio autor, precisou de realizar um trabalho interior próprio (Self Leaderhip Theory); auto influenciou-se e percorreu um caminho de modo a atingir os objetivos que tinha traçado. Para tal, necessitou de desenvolver competências como: a autoconfiança, descobrindo as suas forças e habilidades; a autoconsciência, reconhecendo os valores e intenções de cada um e a autoeficácia que se relaciona com o facto de que devemos aceitar os ‘feedbacks’ que nos são dados e, a partir dos mesmos, inovar e ser criativos. Nesta obra, podemos ainda realçar a presença da teoria da autodeterminação (Self Determination Theory), uma vez que todo o enredo se concentra na experiência individual da autonomia, da competência e dos relacionamentos. Estes conceitos são vantajosos, uma vez que o autor leva o leitor a fazer uma introspeção sobre a sua própria vida, tal como aconteceu com ele próprio.
A obra “O Monge que vendeu o se Ferrari” constitui-se como um guia orientador para uma vida com sentido.  O seu autor, proporciona-nos uma leitura inspiradora e de descoberta sobre quem somos, qual a nossa missão na terra, como sermos felizes, bem como encarar os medos e iniciar o entendimento de tudo o que nos rodeia. A riqueza dos ensinamentos nele contidos é transversal a todas as áreas da vida humana, a todas as profissões, a todos os estratos sociais e a todas as idades. Faz-nos acreditar que nunca é tarde para começar. Estamos sempre a tempo de mudar e encontrar o caminho para a felicidade. Mostra-nos também que o ser humano tem direito a ser feliz e que muito mais do que procurar a felicidade extrinsecamente, seja nos outros seja nos bens materiais, devemos começar a procurá-la intrinsecamente.
Pessoalmente, quando fui desafiada a elaborar esta Book Review e analisei a lista proposta, o título da obra captou a minha atenção. O manifesto contrassenso do título, (normalmente os monges vivem uma vida desapegada de bens materiais, logo não faz sentido terem Ferraris, muito menos para venderem e ganharem dinheiro!), despertou em mim uma certa curiosidade em ler o livro. As primeiras páginas, a leveza da escrita e a forma como se desenrola o enredo levaram-me, desde o início a estabelecer uma ligação com a personagem e, mais importante, estimularam-me a refletir e a efetuar paralelismos com a minha própria realidade. Numa era em que estamos tão ligados às tecnologias, em que tudo acontece à velocidade da luz, “nunca há tempo para nada”, o stress toma conta da nossa rotina e o dia-a-dia nos desgasta e nos pesa, perceber que há outra forma bem mais leve de encarar a realidade, traz-nos esperança de um mundo melhor, mais belo e certamente mais feliz.


Referência Bibliográfica e Webgrafia
·         Sharma, R. (2009). O Monge Que Vendeu o Seu Ferrari. Lisboa: Pergaminho.


Autora: Beatriz Silva

Para citar este texto, utilize o seguinte modelo de referência bibliográfica
Silva, B. (2018). “O objetivo da vida, é uma vida com objetivos” – Book Review do Livro “O Monge que vendeu o seu Ferrari” por Beatriz Silva. Research oriented by PhD Patrícia Araújo within "Leadership and Negotiation" Curricular Unit and Presented at Ipam Leadership Challenge.3ª Ed. Porto: Portuguese Institute of Marketing and Administration.
Available at: https://ipamleadershipchallenge.blogspot.com/2018/12/o-objetivo-da-vida-e-uma-vida-com.html



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