"O objetivo
da vida, é uma vida com objetivos” – Book Review do Livro “O Monge que vendeu o
seu Ferrari” por Beatriz Silva
Nas áreas da Gestão e do
Desenvolvimento Pessoal nos EUA, Robin Sharma é um dos autores de maior renome, sendo considerado um dos mais conhecidos gurus
de gestão e autoajuda do mundo.
Licenciado em Direito,
teve uma carreira de sucesso como advogado e dedicou-se também ao ensino. Talvez
desiludido com a sua profissão e com o desgaste que esta imprimia à sua vida
pessoal, Sharma resolveu exorcizar as suas angústias e encontrar significado
para a vida através da escrita. Começou
por publicar, por conta própria, o livro “MegaLiving”, um guia para a
gestão de stress que compilou várias técnicas de espiritualidade tanto
ocidentais como orientais. Seguiu-se a publicação daquele que se tornou o seu best seller: “O Monge
que vendeu o seu Ferrari”. Posteriormente, Sharma publicou onze outros livros e
fundou uma empresa de treino em liderança “Sharma Leadership International”.
A peculiaridade dos títulos das suas obras tem como objetivo captar a
atenção do leitor pelo absurdo fazendo com que haja curiosidade de ler os seus
livros.
Para além da escrita Robin Sharma, com a sua experiência de mais de 20
anos, dá palestras motivacionais a diversas organizações, como é o caso da Nike
e da Microsoft. Através de um discurso impactante e atrativo, transmite a
mensagem que qualquer pessoa em qualquer papel
pode ser um líder.
Tanto nas suas obras como nas suas palestras, Sharma leva os seus
leitores/ouvintes a (re)pensarem as suas vidas.
“O objetivo da
vida, é uma vida com objetivos” (Sharma, R., 2009, p.79)
“O Monge que vendeu o seu Ferrari” é uma fábula espiritual que retrata o dia a dia dos empresários e realça a
constante correria característica dos compromissos de trabalho.
A personagem Julian Mantle, é um conceituado e bem-sucedido advogado, rico
e famoso que vive rodeado de luxos, de entre os quais se destacam uma casa na
praia e um Ferrari. Profissionalmente ganha todos casos e é considerado, pelos
seus pares, como um “animal” em tribunal.
Certo dia, em pleno tribunal nas alegações finais de mais um caso que se
afigurava com um desfecho brilhante, Julian, acusando um enorme cansaço e
desgaste fruto da dedicação desmesurada à profissão, sofre um ataque cardíaco.
Este acontecimento constitui-se como um marco importante na sua vida e um
ponto de viragem em toda a sua existência. Decide abandonar a carreira jurídica
e iniciar um novo estilo de vida. Vende todos os seus bens e parte numa viagem
pelo Oriente. Na Índia, tem o privilégio de conhecer Iogue Raman que, após uma
partilha de experiências, lhe indica um local e um grupo de pessoas onde Julian
poderia encontrar aquilo que tanto procurava: uma vida com mais encanto e
equilíbrio. O local no monte dos Himalaias era a aldeia de Nirvana de Savana e
as pessoas sugeridas por Raman eram os grandes sábios de Sivana. Iogue Raman
era o sábio mais velho de Sivana e o líder do grupo.
Neste local, Julian aprende a viver uma vida em harmonia, plena de
realização seguindo os princípios e técnicas dos sábios.
Aprende e interioriza que:
“O
segredo da felicidade é simples: descobre o que gostas realmente de fazer e,
depois, canaliza todas as tuas energias nesse sentido. Assim, que o fizeres,
terás uma vida rica e todos os teus desejos se concretizarão facilmente.” (Sharma,
R., 2009, p.76)
Existe uma série de técnicas e procedimentos que devemos adotar para
atingir a felicidade, por exemplo, por cada pensamento negativo que se instale
na nossa mente, devemos substitui-lo por um positivo; devemos definir
objetivos: do mais pequeno para o maior, do particular para o geral, do
interior para o exterior; manter a mente aberta e acreditar na nossa própria
capacidade para realizar algo; praticar o “Kaizen”, ou seja empenhar-se e esforçar-se
diariamente para dar sentido à vida; refletir sobre o valor da vida e das
nossas conquistas; gerir o tempo de forma a simplificar a vida, concentrar-se
no que é essencial e manter o equilíbrio; servir os outros altruisticamente com
o objetivo de ascender à dimensão suprema da vida e, finalmente, viver no
presente não sofrendo por antecipação de um futuro que nem saberemos se chegará
a acontecer. Todas estas técnicas e procedimentos encontram-se interligados com
o domínio do próprio “eu”. De entre as técnicas e práticas que Iogue Raman
ensina, destacam-se dez rituais eficazes para alcançar o autodomínio:
·
Ritual da Solidão (reservar um período
obrigatório de paz/sossego durante o dia);
·
Ritual da Fisicalidade (cuidar da mente e do
corpo da mesma forma);
·
Ritual dos Alimentos Vivos (aderir a
um regime alimentar saudável e incluir os alimentos vivos);
·
Ritual do Conhecimento Abundante (aprender
o mais possível durante a vida e expandir conhecimentos);
·
Ritual da Reflexão Pessoal (promover
o autoconhecimento; contemplar o interior);
·
Ritual do Despertar Cedo (acordar
com o nascer do sol para começar bem o dia);
·
Ritual da Música (ouvir música como um
estímulo espiritual);
·
Ritual da Palavra Falada - Mantras (utilizar
palavras no discurso que associadas umas às outras criam um efeito positivo,
fazendo com que as pessoas se sintam concentradas, fortes e felizes);
·
Ritual do Caráter Coerente (adotar
medidas para construir o caráter, assente nos seguintes princípios: empenho,
compaixão, humildade, paciência, honestidade e coragem);
·
Ritual da Simplicidade (viver uma vida
simples, para torná-la gratificante e extremamente pacífica).
Na busca pela felicidade,
as técnicas e rituais que Sharma elenca, constituem-se como um manancial de
possibilidades para o ser humano. Poderá ser difícil adotar todas e alterar
hábitos e pensamentos enraizados em nós, fruto da nossa cultura. No entanto, se
os começarmos a utilizar na nossa vida, nas nossas atitudes, pensamentos e formas
de relacionamento social, talvez possamos iniciar, de uma forma segura, a
caminhada para atingir a felicidade. O próprio autor, precisou de realizar um trabalho interior próprio (Self Leaderhip Theory); auto influenciou-se e percorreu um caminho
de modo a atingir os objetivos que tinha traçado. Para tal, necessitou de
desenvolver competências como: a autoconfiança,
descobrindo as suas forças e habilidades; a autoconsciência, reconhecendo os valores e intenções de cada um e a
autoeficácia que se relaciona com o
facto de que devemos aceitar os ‘feedbacks’ que nos são dados e, a partir dos
mesmos, inovar e ser criativos. Nesta obra, podemos ainda realçar a presença da
teoria da autodeterminação (Self Determination Theory), uma vez que
todo o enredo se concentra na experiência individual da autonomia, da competência e
dos relacionamentos. Estes conceitos são vantajosos, uma vez que o autor leva o
leitor a fazer uma introspeção sobre a sua própria vida, tal como aconteceu com
ele próprio.
A obra “O Monge que vendeu o se Ferrari” constitui-se como um guia
orientador para uma vida com sentido. O
seu autor, proporciona-nos uma leitura inspiradora e de descoberta sobre quem
somos, qual a nossa missão na terra, como sermos felizes, bem como encarar os
medos e iniciar o entendimento de tudo o que nos rodeia. A riqueza dos
ensinamentos nele contidos é transversal a todas as áreas da vida humana, a
todas as profissões, a todos os estratos sociais e a todas as idades. Faz-nos
acreditar que nunca é tarde para começar. Estamos sempre a tempo de mudar e
encontrar o caminho para a felicidade. Mostra-nos também que o ser humano tem
direito a ser feliz e que muito mais do que procurar a felicidade
extrinsecamente, seja nos outros seja nos bens materiais, devemos começar a
procurá-la intrinsecamente.
Pessoalmente, quando fui desafiada a elaborar esta Book Review e analisei a
lista proposta, o título da obra captou a minha atenção. O manifesto contrassenso
do título, (normalmente os monges vivem uma vida desapegada de bens materiais,
logo não faz sentido terem Ferraris, muito menos para venderem e ganharem
dinheiro!), despertou em mim uma certa curiosidade em ler o livro. As primeiras
páginas, a leveza da escrita e a forma como se desenrola o enredo levaram-me,
desde o início a estabelecer uma ligação com a personagem e, mais importante,
estimularam-me a refletir e a efetuar paralelismos com a minha própria
realidade. Numa era em que estamos tão ligados às tecnologias, em que tudo
acontece à velocidade da luz, “nunca há tempo para nada”, o stress toma conta
da nossa rotina e o dia-a-dia nos desgasta e nos pesa, perceber que há outra
forma bem mais leve de encarar a realidade, traz-nos esperança de um mundo
melhor, mais belo e certamente mais feliz.
Referência
Bibliográfica e Webgrafia
·
Sharma, R. (2009). O
Monge Que Vendeu o Seu Ferrari. Lisboa: Pergaminho.
Autora: Beatriz Silva
Para
citar este texto, utilize o seguinte modelo de referência bibliográfica
Silva, B. (2018). “O objetivo da vida, é uma vida com objetivos” – Book
Review do Livro “O Monge que vendeu o seu Ferrari” por Beatriz Silva. Research oriented by PhD Patrícia Araújo within
"Leadership and Negotiation" Curricular Unit and Presented at Ipam
Leadership Challenge.3ª Ed. Porto: Portuguese
Institute of Marketing and Administration.
Available at: https://ipamleadershipchallenge.blogspot.com/2018/12/o-objetivo-da-vida-e-uma-vida-com.html
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